Eles não sabem que eu não gosto de futebol mas valeu a boa intenção:
30/11/2010
29/11/2010
A CARRUAGEM DAS "BABES"
Aquelas imagens que correm mundo de estações apinhadas de gente ao ponto de haver funcionários a empurrar a multidão para dentro das carruagens, foi coisa que nunca vi, pelo menos nas linhas de metro que uso. Mas é verdade que o metro de manhã vai bastante cheio. Por isso, existem carruagens só para senhoras, não vá dar-se o caso de serem incomodadas por algum cavalheiro menos contido.
Gosto especialmente do pormenor da moldura horária, nomeadamente das “07h19”. A essa hora, ainda não estou no metro mas pergunto-me se os utentes estarão de relógio em punho à espera do minuto feminino. De qualquer modo, posso garantir que mesmo depois das 9h30, tudo se passa no maior respeito. Nunca vi senhoras incomodadas pelos apertões.
28/11/2010
E já nenhum poder destrói o poema.
Insustentável, único,
invade as órbitas, a face amorfa das paredes,
a miséria dos minutos,
a força sustida das coisas,
a redonda e livre harmonia do mundo.
- Em baixo o instrumento perplexo ignora
a espinha do mistério.
- E o poema faz-se contra o tempo e a carne.
Herberto Helder, Sobre o poema
(na semana em que Herberto fez 80 anos e o país, a assoar-se à gravata, não deu por isso. Desenho do Irmão Lúcia).
27/11/2010
26/11/2010
Como medir o instante da conversão?
Em inícios da década, li os livros do “bairro”, O Senhor Valery/ Henri/ Brecht etc. Não gostei. Em 2005, levei comigo numa viagem a Nova Iorque o muito premiado Jerusalém que li numa noite, no sofá, em casa do PCP. Não gostei. Em 2009, numa praia em Cuba, li Um Homem: Klaus Kamp e A máquina de Joseph Walzer. E deu-se uma epifania. Não posso dizer que se tratou duma conversão no sentido religioso do termo. Foi mais do que isso: foi um cataclismo, um abismo por onde me lancei, voraz e sem pára-quedas, uma queda do cavalo, no sentido paulino do termo – deu-se uma revelação, como se aquela fosse a minha estrada de Damasco. A escrita de Gonçalo M. Tavares é exigentíssima porque é feita a 4 mãos, as do escritor e as do leitor e só da convergência de esforços se alcança a musicalidade. Sem isso, aquilo pode ser cacofónico e desconexo. Mas depois de passado o rubicão, e se tiver o leitor a graça da conversão, então tudo é novo, pleno, tudo é descoberta, vício penetrante, incontornável, dor que atormenta até ao limite. Gonçalo M. Tavares (como nas últimas décadas, antes dele, nas letras portuguesas, só porventura Maria Gabriela Llansol) encontrou um registo próprio e único, um espaço novo, um tom irrepetível. Agora que os franceses o premiaram, talvez fosse bom que começássemos a pensar nisto. Arrisco mais: além de Lobo Antunes (ainda não perdi a esperança), se Portugal voltar a ter um Nobel da Literatura nos próximos 30 ou 40 anos é para Gonçalo M. Tavares. Depois não digam que eu não avisei.
25/11/2010
Guloso como sou – não me esqueço tratar-se de pecado mortal mas isso provoca em mim uma indiferença olímpica– ansiei todo o almoço pelo Portuguese Egg Tart anunciado na ementa, que é a designação que aqui leva o portuguesíssimo pastel de nata. Não esperava comer dois ou três, como se faz em Belém, mas qual não foi o meu espanto quando me trazem metade... Cortado com precisão japonesa, havia naquela metadinha uma espécie de ampliação exponencial do sentimento de culpa. Um bocadinho desconsolado, lá comi. Ainda por cima, era delicioso, este meu pastel de nata. Ou melhor: este meu “meio” pastel de nata.
24/11/2010
Nada marca tão profundamente a paisagem radicalmente urbana de Tóquio como as casas de banho do Hotel Mandarin Oriental. O que se vê na fotografia não engana – é o 38º andar, em cujas casas de banho, os urinóis (palavra horrível) foram montados encostados ao vidro. A sensação é um pouco estranha: dispenso-me de elaborar mas não será difícil perceber quão dispersa fica a atenção que se desejaria focada. Evidentemente, do ponto de vista arquitectónico joga-se aqui no plano da ambiguidade, potenciando um voyeurismo que encontra na imensidão das alturas uma desculpa que o redime. Por outro lado, explora-se, com inteligência, um momento de dupla fragilidade: o que advém dos contornos da fisiologia, aliado com a vertigem e o fascínio do abismo. Repito: a paisagem urbana de Tóquio toma conta de nós. Mesmo nos momentos inesperados.
23/11/2010
Duma só vez chegaram-me estes:
No fim de semana, comprei este:
E ainda esta semana, via Amazon-JP (vamos lá ver se me entendi com o site...), chega este:
E quando é que eu tenho tempo para dormir afinal?
22/11/2010
I will come again, at a later stage, to the topic of religion in Japan. For the time being, just a couple of photos about a nice celebration that took place a few days ago. Every year, in November, families take their children to the shrine. Every children? No. This celebration is called 3-5-7, because only children of these ages are presented in the shrine dressed in traditional kimonos. For a few hours, the neighbourhood was very colourful with all these kids, looking happy (but in same cases a bit scared...) and giving their parents the photo-opportunities they are always looking for.
21/11/2010
19/11/2010
Esta semana esteve em Tóquio António Damásio, que aqui veio receber o prémio de ciência da Fundação Honda. Damásio fez uma notabilíssima conferência sobre The Neurobiology of Emotions: Consequences for Medicine and Culture, mostrando que é não só um emérito cientista mas um excepcional divulgador de ciência. Além da relevância fisiológica das emoções ou da ideia do corpo como palco das emoções (assunto em que Damásio trabalha há muito tempo e sobre o qual eu já tinha lido qualquer coisa), o que mais me impressionou é que a abordagem dele não é desconstrutivista (ao contrário do que eu pensava) mas inclusiva. Ou seja: Damásio defende que não se trata apenas de analisar os efeitos orgânicos das emoções (o que ele também faz e todos experimentamos quando o ritmo cardíaco acelera se o avião em que viajamos tem uma turbulência forte, por exemplo) mas de integrar, organicamente, todo o tecido emocional. No limite, o que está em causa é a ruptura definitiva entre sentir e pensar (o que ele há muitos anos chamou o "erro de Descartes"). Ao assumir-se como um “cartógrafo” das emoções (a expressão não é dele mas talvez a pudesse subscrever), Damásio falou ainda do impacto de tudo isto sobre o processo decisório, desde o general que tem de mandar disparar na guerra ao político que decide cortar benefícios fiscais passando pelo “mero” consumidor que, no supermercado, compra x ou y.
Fiquei com vontade de perguntar duas coisas: em termos conceptuais, como distingue ele “emoções” e “sentimentos” (ele passou por aqui mas não ficou claro para mim). Segunda pergunta: no decision making process é possível quantificar o peso de cada um dos factores desta equação?
Damásio foi notável e saí do Hotel Imperial cheio de orgulho pelo prémio que lhe foi entregue.
18/11/2010
17/11/2010
As I seated on the bar drinking my coke, this 'salary-man' came to me and said: “do you speak English, I presume?”. This is quite uncommon as, in our capacity of gaijins, we are not supposed to mingle with locals. At least, that is what some of them think. I do, I said, as he brought his glass and seated next to me. I could feel the alcohol in his breath, his eyes and his everything. And tell me, he continued, do you know what is necessary to let a man fall in love? As from that moment, this nameless Japanese man, found in a stinky bar in Ushigome Kagurazaka, spoke for two hours and got lost in severe drunkenness. When I got home, I went to read “Letters of a Portuguese Nun” (“Cartas Portuguesas”), by Soror Mariana Alcoforado. Things do match. A Portuguese nun in the 17th century and a Japanese salary-man in the 21st century.
16/11/2010
As I am now settled down, I started my Japanese lessons this morning. The teacher arrived promptly on time and, to my surprise, brought me a complete file of all her diplomas and certificates. She wanted to make me sure she was qualified to “teach busy people”. Point taken. We continued: “you have to study to be a good pupil”. OK, I will, I promised but all of a sudden I started to be scared as a long-gone feeling of “back to school benches” invaded me. As a starting point, she gave me a paper with 46 hiraganas. In the coming lessons we will dive into the katakanas (another 46) and then – Oh Jesus – into the kanji (circa 2000 minimum to be able to read the newspaper). Japan has 3 “alphabets” but hiragana and katakana are considered the very basic ones: children in primary school start with those and, in ancient times, women were taught only these two as they were considered unable to learn the kanji. I’m now fighting with hiraganas – one hour with this: “repeat after me – ka, ki, ku, ke, ko”, pointing the adequate symbol – and I don’t event want to think what still has to come. Japanese, there we go!
15/11/2010
14/11/2010
OMG - I miss Belgium!
Enviado do meu iPhone
12/11/2010
Passámos anos sem saber o teu nome, de onde vinhas e por que o fazias. Reparámos no teu porte aristocrático, nos óculos grossos, no sorriso rasgado, no chapéu de chuva abengalado que tantas vezes trazias e que te equilibrava nas vertigens da noite. Lembro-me de ti desde os anos 90, no regresso de uma rota fixa às 4ª feiras à noite, em frente ao Sheraton da Fontes Pereira de Melo. Tinhas sempre um cachecol branco e acenavas, acenavas, acenavas. Hoje penso que não me perdoo pelo facto de nunca ter parado para falar contigo. Fizeste da nossa Lisboa um recanto onde se murmuram palavras cujo significado só nós sabemos. Hoje é a nossa vez de te dizer adeus, acenar para espantar o silêncio, como costumavas dizer. Talvez num aceno, no aceno de hoje, esteja também contido um “até já”.
11/11/2010
Do Mar Egeu ao Mussulo
O meu amigo CD já me tinha dito (e comprovado por fotografias) que tinha lido o meu livro do Garrett debaixo do sol grego, por entre delícias mediterrânicas. Outro amigo, PPdS, disse-me ontem, num mail, que tinha lido também o livro num barco, no mar Egeu, numa viagem, numa ida e numa volta (sem especificar que pontos se unia, mas é irrelevante). Eles não sabem mas esta ideia de lerem o meu ópusculo na Grécia é do mais simpático que me podem dizer sobre o livro. Mesmo mais que me dizerem que gostaram do que lá vem...
...e isso fez-me lembrar as tardes no Mussulo, em Luanda, em dias de calor e humidade infernais, onde se chegava num barco quase-veloz capitaneado por um marinheiro improvável que nos deixava numa praia deserta a comer pataniscas de bacalhau, feitas pela minha inesquecível Bela. A mulher que só se zangou comigo uma vez quando eu disse que ela tinha de ir votar quando fossem as eleições. Nesse dia abriu os olhos e respondeu: “para quê? Para nos roubarem a liberdade?”. Não adiantava explicar que só indo votar ela a resgatava de novo. Penso na Bela, hoje, no dia em que se celebram os 35 anos de independência de Angola.
10/11/2010
ARRUMAR A BIBLIOTECA - gerir sensibilidades, amores e ódios
Comecei por abrir os caixotes de livros e fazer pilhas: literatura “pura” (dividida por grupos linguísticos), história, relações internacionais, arte, religião, viagens e ciências sociais e humanas (os principais grupos, tendo remetido os outros para a categoria “para que é que isto serve?”).
O mais difícil é a arrumação: que ordem seguir? Venceu a cronologia e a estante começa com as cantigas de amigo e amor. Depois tropeço em dúvidas: o que fazer com “n” estudos sobre Garrett que acumulei para o meu livro? Quem nasceu primeiro, Pessoa ou Sá Carneiro? Troco as voltas ao século XIX e, por mero gosto pessoal, dou primazia a Eça sobre Camilo. Reparo que Natália Correia envelheceu 100 anos e está mal arrumada. No século XX, é o caos: tenho o maior cuidado com quem ponho ao lado da Agustina e, a medo, escolho o Vergílio Ferreira (eu sei que ela preferia estar ao pé de Tolstoi mas não é lógico). Mas como sei que a amarantina chega para ele, ponho também Agustina ao lado de Saramago (“Jóias de Família” ao lado de “Levantado do Chão”...). A seguir ao Saramago, vem o Lobo Antunes (mais dois que nunca se gramaram), depois a Sophia, o Al Berto, o Tolentino e o Mário Cláudio. Pergunto-me o que conversarão, no silêncio da noite, o niilista Al Berto com o crente Tolentino. Ou a pureza de Sophia, o que dirá ao genial mas gongórico Mário Cláudio?
Mais para atrás, assim como que escondidos, vêm os Sousas Tavares, os Rodrigues dos Santos (ofertas, devo esclarecer). Já quase não há espaço para escritores que admiro imenso (Luíz Pacheco, Gonçalo M. Tavares), o que me obriga a tirar tudo outra vez e remeter alguns livros para um caixote e fechá-los na arrecadação. E os poetas? Será que o Cesariny se dava com o Eugénio? Onde ponho a Fiama?
Nos estrangeiros o drama continua: quem vem primeiro, Stendhal ou Racine? Beauvoir casa bem com Malraux mas onde é que estão os Sartre’s? E Yourcenar, afinal, é de que país? Ponho-a na Bélgica, em homenagem à minha “vida belga” mas encostada à Duras. Quando chego à literatura de expressão inglesa, dou cabo dos movimentos de auto-determinação e arrumo tudo na mesma prateleira, desde o Bangladesh à Índia, da África do Sul à Austrália. Ponho o Joyce ao lado do Wilde (o primeiro de máscara, o segundo a celebrar o bloomsday). Miller é inglês ou americano? Ressuscito a Mitteleuropa e junto Goethe, Herman Broch, Robert Walzer e Sandor Marai.
Chego às ciências humanas e separo bem a filosofia/ história das restantes, já vizinhas do ocultismo. Faço questão de reorganizar toda uma prateleira para ter a certeza que Hannah Arendt e Martin Heidegger ficam juntos. Dou-me conta que tenho uma pilha de livros de Habermas repetidos (que raio de fixação numa biblioteca que não é um “espaço público”). Autonomizo a história de África/ Angola, em nova homenagem ao passado. Separo os apoiantes do MPLA dos dissidentes do regime para aquilo não dar confusão. Não sei onde pára a poesia da Alda do Espírito Santo. Junto a biografia do Amílcar Cabral à do Savimbi.
Termino com as lusofonias: e depois de horas de esforço e muitas dores nas costas, acabo por arrumar Clarice Lispector ao lado de Pepetela. Desculpa Clarice, mas não havia mais espaço.
09/11/2010
O Antero japonês
Porque é que para a dor nos evocastes?»
Mas os deuses, com voz inda mais triste,
Dizem: — «Homens! por que é que nos criastes?»
Antero de Quental, Divina Comédia
Saiu de casa ao raiar do dia, depois de uma noite de silêncio ensurdecedor, quem sabe de preces murmuradas musicalmente num altar improvisado com incenso. Apanhou o primeiro metro, que devia vir vazio, salpicado de gente adormecida, vinda lá de longe, onde a cidade se despede e abraça o campo. Trazia um quimono cinzento, de gente senhoril e escondia as intenções que o levaram ao parque. Ainda caminhou mais de duas horas antes de atravessar a pé a ponte grande, pórtico urbano sem medida. Junto ao rio Sumida, escolheu um banco limpo, inspirou o ardor das águas bravias desta manhã de Outono e junto ao castanheiro ainda adormecido, deu dois tiros na boca. O jornal não refere, se como no caso de Antero, existia atrás uma placa tímida a dizer "esperança".
08/11/2010
Desistir do belo
Enviado do meu iPhone
07/11/2010
Joao Rodrigues, o intérprete
Michael Cooper, Rodrigues, o intérprete - um jesuíta Portugues no Japao e na China no século XVI
(biografia de Joao Rodrigues, Sernancelhe 1561 - Macau 1633)
Enviado do meu iPhone
06/11/2010
Lafcadio Hearn, estranheza e charme
Lafcadio Hearn, O Japao - uma antologia de escritos sobre o pais
Enviado do meu iPhone
05/11/2010
Dentro de dias recebo um contentor com 180 caixotes: são as minhas coisas que andaram pelo mundo, em viagem de circum-navegação. Despedi-me delas em Bruxelas, em meados de Julho, vi partir a minha vida, encaixotada por quatro homens de fato-macaco, num camião TIR a transbordar. Agora, se tudo correu bem, o que é meu volta a mim, nessa ternura dócil do reencontro.
Durante cerca de quatro meses vivi reduzido a duas malas de roupa, um porta fatos e um computador portátil, andando de cama em cama por vários quartos de hotel. Era pouco? Era. Mas era suficiente. Passei provações? Não, se exceptuarmos que já estou um pouco farto de usar sempre as mesmas camisas e as mesmas gravatas (e os mesmos pólos de fim de semana). Mas isso não pode deixar de me fazer pensar que os objectos que acumulamos na vida servem afinal para muito pouco e são, em grande medida, supérfluos. Pode-se viver reduzido à essencialidade do que cabe num quarto de hotel. Mas dito isto, estou desejoso de me sentar no meu sofá, a olhar para a minha Helena Almeida, a ouvir o meu Requiem e a beber o meu gin tónico. A vida tal como ela é.
04/11/2010
(Tentar) comprar uma cortina de casa de banho em linguagem gestual japonesa
Depois de tentativas frustradas, entrei no D. Quixote (‘Donqui’), uma espécie de Braz & Braz para pior, com o público de um centro comercial de domingo à tarde misturado com as sacerdotisas do Intendente. Circulei no piso de artigos de casa de banho em vão. Estando mesmo determinado a comprar a cortina porque todas as manhãs inundo a casa de banho, decidi que o melhor era perguntar. Confesso que hesitei, já consciente que aqui a utilidade de falar inglês é semelhante à utilidade de falar swahili em Carrazeda de Ansiães. Dito e feito: a menina não percebia nada do que eu dizia. Chamou colegas de corredores vizinhos mas ninguém percebia o que eu queria. Possuído por uma vontade indomável, proporcional à água que, manhã cedo, espalho à minha volta, decidi passar ao não-verbal: em plena loja, mimei “duche”, “água a cair”, “banheira”, “cortina protectora”. Mesmo não sendo o Marcel Marceau, a mensagem terá passado sofrivelmente: as meninas riam-se muito e diziam qualquer coisa entre elas ao mesmo tempo que cortavam cerce as minhas veleidades mímicas. Voltei para casa a matutar como resolver esta lacuna comunicacional mas dilacerado por uma dúvida suplementar: será que não perceberam de todo a minha mímica ou, tendo percebido, acharam bizarria fetichista que eu queira tomar duche por detrás duma cortina?
(eleições americanas: estou feliz – e aliviado – pelos eleitores de Delaware...)