(Tentar) comprar uma cortina de casa de banho em linguagem gestual japonesa
Depois de tentativas frustradas, entrei no D. Quixote (‘Donqui’), uma espécie de Braz & Braz para pior, com o público de um centro comercial de domingo à tarde misturado com as sacerdotisas do Intendente. Circulei no piso de artigos de casa de banho em vão. Estando mesmo determinado a comprar a cortina porque todas as manhãs inundo a casa de banho, decidi que o melhor era perguntar. Confesso que hesitei, já consciente que aqui a utilidade de falar inglês é semelhante à utilidade de falar swahili em Carrazeda de Ansiães. Dito e feito: a menina não percebia nada do que eu dizia. Chamou colegas de corredores vizinhos mas ninguém percebia o que eu queria. Possuído por uma vontade indomável, proporcional à água que, manhã cedo, espalho à minha volta, decidi passar ao não-verbal: em plena loja, mimei “duche”, “água a cair”, “banheira”, “cortina protectora”. Mesmo não sendo o Marcel Marceau, a mensagem terá passado sofrivelmente: as meninas riam-se muito e diziam qualquer coisa entre elas ao mesmo tempo que cortavam cerce as minhas veleidades mímicas. Voltei para casa a matutar como resolver esta lacuna comunicacional mas dilacerado por uma dúvida suplementar: será que não perceberam de todo a minha mímica ou, tendo percebido, acharam bizarria fetichista que eu queira tomar duche por detrás duma cortina?
(eleições americanas: estou feliz – e aliviado – pelos eleitores de Delaware...)
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