28/11/2010

Domingo de versos - Herberto Helder



E já nenhum poder destrói o poema.
Insustentável, único,
invade as órbitas, a face amorfa das paredes,
a miséria dos minutos,
a força sustida das coisas,
a redonda e livre harmonia do mundo.

- Em baixo o instrumento perplexo ignora
a espinha do mistério.
- E o poema faz-se contra o tempo e a carne.

Herberto Helder, Sobre o poema

(na semana em que Herberto fez 80 anos e o país, a assoar-se à gravata, não deu por isso. Desenho do
Irmão Lúcia).

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