ORHAN PAMUK, O CARTÓGRAFO
(OBRIGADO ACADEMIA SUECA!)
“A proximidade dos nossos corpos e a forma como subíamos as escadas pareciam também estar a acontecer num sonho fora do tempo e assim permaneceriam na minha memória por muitos anos. Vi compreensão e inquietação nos olhares furtivos que ela me ia deitando, e senti-me agradecido pela forma como ela exprimia os seus sentimentos com os olhos. (…) A minha ligação a Füsun transformara a minha vida em algo para lá do meu livre arbítrio. Só acreditando nisso conseguiria ser feliz – conseguiria, na verdade, suportar a vida”.
Orhan Pamuk, O Museu da Inocência
(O que espanta, ao ponto de chegar a doer, nesta longa estória de Pamuk – um dos mais notáveis escritores contemporâneos, uma surpresa que só podemos agradecer à academia sueca – é a persistência com que o autor se aventura na cartografia das emoções. Esta é a estória da ausência de medo, da liberdade infinita, do desamor crudelíssimo, duma obsessão rasgada sobre um trilho que todos menos o amador – aquele que ama – perceberam que era onírico. Recomendo ao meu amigo E.).
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