29/03/2011

O que salvaria de sua casa em caso de catástrofe?


No dia 11 de Março cheguei a casa já madrugada dentro. Ao chegar à porta do prédio, constatei que me era exigido mais um esforço: os elevadores não funcionavam, pelo que era preciso subir a pé. Comecei então a pensar sobre o que iria encontrar em minha casa. Isso já me tinha ocorrido vagamente durante a tarde mas sem tempo para reflexões profundas. Agora, ao subir umas centenas de degraus, ia passando em revista as possibilidades: livros derrubados das estantes não suscitam preocupação (e confirmou-se: estavam no chão mas incólumes), quadros caídos das paredes implicam no máximo molduras ou vidros partidos (assim foi: um vidro rachado), jarras ou objectos decorativos são sempre substituíveis (uma jarra partida efectivamente), loiça feita em cacos tem destino evidente (nem um copo se partiu), molduras podem cair mas não se estragam (apenas uma moldura descolada). Pensei, em breves segundos: os estragos não podem ser muitos.

Na verdade, a única coisa que me preocupava era o computador portátil. Se pensarmos no valor individualmente considerado, nem é o "objecto" mais caro que tenho em casa. Mas pensar que poderia estar danificado foi motivo de alguns minutos de angústia: são centenas de fotos dos últimos anos (já gravei todas em CD à cautela...), documentos, projectos e textos em que estou a trabalhar (já fiz backups em vários sítios), é a linha skype para falar para o mundo, os meus mails a qualquer hora do dia ou da noite, a janela do FB, o twitter, a possibilidade de trabalhar em casa, o estar contactável em permanência (o que foi fulcral nesta crise)...

Quando abri a porta, corri para a mesa de trabalho: o meu laptop estava tranquilamente firme no sítio onde o tinha deixado de manhã. Indiferente aos livros pelo chão, à jarra feita em cacos e ao saco do lixo espalhado na cozinha. O mundo continuava à distância dum teclado.


Sem comentários:

Enviar um comentário