30/03/2011


348 + 1 réplicas






Volto ao tema das réplicas: tudo aponta para que tenhamos de viver com elas durante bastante tempo e o melhor mesmo é criar habituação. Por razões higiénicas, há que mudar a água do copo-sismógrafo-improvisado mas não se vislumbra que o copinho possa ser devolvido ao armário onde habitualmente pernoita. Desde o dia 11 de Março, houve 348 réplicas de, pelo menos, escala 5 (posso garantir: o suficiente para acelerar um nadinha o ritmo cardíaco...).

Tenho andado a ler e o que aqui se vive corrobora: várias réplicas com intervalos de minutos ocorrem na hora subsequente ao grande sismo (bem o senti, eu e as centenas de pessoas que estavam no páteo da escola de Kojimachi, para onde fomos); aumento progressivo de intervalos nas 24 horas seguintes mas uma média de 30 minutos (assim foi: na primeira noite acho que ninguém dormiu em Tóquio); diminuição progressiva ao longo da primeira semana mas possibilidade de ocorrência de réplicas que podem ser de magnitude elevada (5 dias depois houve um sismo médio em Shizuoka). A tendência, dizem os especialistas, é - espero que não se enganem - de diminuição progressiva da intensidade das réplicas mas com a ressalva que podem continuar durante meses, senão mesmo anos.

Na 6ª feira passada, também tive a minha réplicazinha particular: estando num jantar com um francês, e virando por instantes a agulha da língua de Shakespeare para a língua de Molière (como diz o meu amigo PS), diz-me ele que, apesar de eu falar bem, nota-se um forte sotaque belga. Já é a segunda vez que me dizem isso em pouco tempo mas nunca tinha acontecido, como agora, ao fim de apenas 3 frases... Désolé. Ou como se diz em típico patois bruxelense: "xai pas vous aider"! Tirar o homem de Bruxelas é definitivamente mais fácil do que tirar Bruxelas do homem.

1 comentário:

  1. Dr. Duarte Bué Alves

    Só hoje tomei conhecimento do seu blogue, através do The Last NanBanJin.

    Li vários posts seus e, embora nos tenhamos encontrado no Consulado há uns meses, permita-me dizer-lhe (apenas hoje, pelo que me penitencio): bem vindo a Tóquio!

    Antonio Burnay Bastos

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