03/01/2011

Aula de japonês ou curso de antropologia?




Um destes dias havia um artigo na imprensa sobre a dificuldade do japonês médio para falar línguas estrangeiras. O inglês é ensinado nas escolas mas é evidente que há uma dificuldade em usá-lo na prática quotidiana. O autor desse artigo, professor e pedagogo com experiência de ensino no Japão, explicava que, mesmo sabendo as regras gramaticais, o aluno médio japonês enfrenta uma enorme barreira para chegar a ter uma competência discursiva. Talvez isso se explique porque as línguas indo-europeias têm uma lógica totalmente diversa, enfatizando a “palavra” (que corresponde a uma ideia), enquanto que aqui o ênfase é dado ao “conceito”, construído a partir de ideias desagregadas. Isso é representado por um “ideograma”, que não é uma “letra” mas uma “grafização” de uma ideia ou de um conceito. Vejamos um exemplo: “Japão” diz-se “Nippon”, o que se escreve assim em kanji: 日本. São dois kanjis: o primeiro - 日 – significa “sol” e o segundo - 本 – significa “origem, início” (mas também pode significar “livro” porque o livro é o “início do conhecimento”). "Japão", assim, é a origem do sol, ou seja, o país do sol nascente. Estudar japonês é um exercício terrível para um estrangeiro porque nós, pura e simplesmente, não pensamos assim, não sabemos pensar assim. Mas pode ser fascinante e além de ser uma aula de língua é também um curso de antropologia. Quando me sinto a desanimar, lembro-me dum canadiano anglófono que conheci outro dia, que aqui vive há 20 anos, professor universitário e fluente em japonês e que me disse: "You speak French, right? Listen: I learned French and Japanese and French is much more difficult". Si vous le dites monsieur le professeur...

2 comentários:

  1. Acho legal o estrangeiro que consegue aprender, parabéns pelo texto e pela persistência.

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  2. - quero tanto aprender , mas não consigo :[

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