Nossa Senhora de Fátima de Tóquio - os milagres impossíveis
S. passa sinais encarnados, pisa traços contínuos, fala com dois telemóveis ao mesmo tempo, entra em ruas em contra-mão, estaciona em qualquer lado e abre mapas e dossiers ao mesmo tempo que conduz. Mas, ao mesmo tempo, é a melhor ajuda que um estrangeiro recém-chegado pode ter: procura casas, negoceia o contrato, faz de intérprete, trata dos papéis da água/ luz/ gás/ telefone/ net. Viver com ela é perigoso. Viver sem ela é impossível.
Um dia, andando eu com ela no carro, agarrado ao banco e já branco, ousei perguntar:
- S., you don't have problems with the police?
- oh, yeah, I used to, but not after having gone to Fátima.
Como o inglês de S. é "comunicante" mas não estruturalmente sólido, pensei que se referiria a um qualquer templo shintoista. E disse:
- where is that?
- OOOHHHHH, you don't know Fátima, in Portugal? Where Our Lady talked to the 3 children?
Achei que não era possível, que era um delírio, um mal-entendido, um problema linguístico. Mas ela explicou:
- I'm not a believer but when I went to Portugal, I was very curious about Fátima and I went there and bought this key-ring (e mostrou-me um porta-chaves semelhante ao da fotografia acima). Now I have the blessing of the Lady and the police doesn't bother me anymore.
A próxima vez que ouvir dizer que Fátima é o "altar do mundo" já não vou achar exagerado - pelo menos é onde se imolam todos os pecadilhos automobilísticos da minha incontornável S..
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