A livraria Keibunsya, em Quioto (nº 9 da top list do "Guardian")
Vários comboios depois, cheguei finalmente à livraria Keibunsya, em Quioto, que a célebre lista do Guardian considerou uma das melhores livrarias do mundo (e de onde também faz parte a portuense Lello e a bruxelense Posada). A primeira causa de espanto é como é que alguém se lembrou desta livraria dado o "ultra-periferismo" de que padece. Convenhamos: não só Quioto não é ao virar da esquina como, ainda por cima, a Keibunsya fica longe do centro da cidade, fora de mão e no meio de uma área residencial relativamente desinteressante.
Mas talvez isso torne a Keibunsya ainda mais atractiva: porque é um oásis de claridade no que pode ser considerado, do ponto de vista urbano, como um bairro acinzentado. Porque desafia o isolamento e insiste em mostrar a força da criatividade onde ela se julgava não poder habitar. A Keibunsya não é apenas uma livraria: tem uma galeria onde expõe trabalhos de jovens artistas, tem uma "corner-shop" de design que recupera linguagens mais tradicionais e tem um mobiliário retro que transporta o visitante para calendários distantes.
Claro que este exercício do Guardian vale o que vale (pouco mais do que nada) e qualquer inclusão ou exclusão pode ser discutida à saciedade. O Lonely Planet acaba de fazer também a sua lista do top-10 onde a Keibunsya não consta (mas de onde não se atreveram a tirar a Lello mesmo se a lista do LP é mais euro-cêntrica do que a do Guardian). Por mim confesso que não poria a Keibunsya na minha lista do top-10 mundial mas nem por isso a achei um lugar de peregrinação dispensável (sobretudo quando se anda por azimutes orientais).
É verdade que praticamente não tem livros a não ser em japonês mas um amante de livros - e de livrarias - sabe que isso é pouco relevante quando o objectivo é menos comprar livros e mais sentir o cheiro do pó que assenta, magnânime, em páginas para cujas palavras não chega a olhar.
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