28/10/2010

Nem bom gosto, nem mau gosto: o pós-gosto



Com muito gosto, passe tanta repetição, andei anos de volta do conceito de pós-modernidade e, posteriormente, do de hiper-modernidade: na altura interessaram-se sobretudo os arquétipos políticos em cada um deles. Num sítio improvável vim ter uma aula prática sobre tudo isto – na loja Shibuya 102, um mega armazém de sete andares de roupa para adolescentes. Tudo ali é inesperado, insólito, inimaginável. Não se pode, nem se consegue, uma classificação unívoca, desde logo porque, para usar a terminologia kantiana, aquilo não encontra correspondência nos nossos conceitos apriorísticos. O que é aquilo? Quais são as chaves de leitura? Que fluxos comunicacionais entre o objecto e nós próprios são possíveis de estabelecer? Para um ocidental capaz de superar a disfuncionalidade discursiva com que forçosamente é confrontado, aquilo é o paradigma do insólito: nas cores, nos cortes, nos estilos, nas posturas, nas atitudes, nos padrões, no diálogo com o espaço. Aquilo rasga, definitivamente, qualquer possibilidade de análise estética. Uma observação séria e atenta tem de concluir que não se pode dizer que se trata de bom ou mau gosto. O gosto morreu – Shibuya 102 consagra o pós-gosto. Bem vindos à catedral da pós-modernidade. ´
(o video acima é só uma tentativa, que fica aquém, de dar uma ideia do estilo "Shibuya 102")

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