27/07/2010

O RENDEZ-VOUS



Esqueçam as moules, as batatas fritas, a cerveja, a BD, o Tintin, o Átomo ou o Jacques Brell. O verdadeiro símbolo nacional belga, o amigo de todas as horas, a instituição omni-presente é o rendez-vous. Descobri-o poucos dias depois de aqui chegar quando fui ao banco abrir conta. Apesar de munido de todos os documentos, não me deixaram fazê-lo porque não tinha marcado um rendez-vous. Tentei argumentar: não sabia desta necessidade, tinha comigo tudo o que era necessário, estava na frente do funcionário certo e não havia ninguém à espera. Por que é que não podia assinar os papéis e abrir a conta? Desolé, parce que vous n’avez pas un rendez-vous…

Rendi-me ao espírito cartesiano sistematizado à última potência: já não me atrevo a nada sem fixer un rendez-vous. E a verdade é que as horas são respeitadas e a coisa funciona.

Ontem, porém, tive ainda uma surpresa (after all these years…): liguei para determinada instituição para tratar dum assunto muito urgente relativo a um cidadão português. O assunto era mesmo muito urgente e eu tinha de falar com o director – e só com ele – imediatamente. Quando digo à secretária o que queria (sublinhando: uma rápida conversa por telefone), ela respondeu-me: Ce n’est pas possible de parler avec le Directeur par telephone, Monsieur. Il vous faut un rendez-vous…

(NB: Acabei por conseguir falar com o tal director por telefone)

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