18/04/2011


TÓQUIO E O RIO SUMIDA




Há cidades que vivem casadas com rios - Lisboa com o Tejo, Paris com o Sena. Mas a comparação mais próxima aqui seria Nova Iorque com o Hudson, pela dimensão das cidades e dos rios envolvidos. Embora, na sua essência, a relação seja diferente. NI tem o Hudson uma relação patriarcal, dominante. O Hudson faz parte de NI mas é-lhe marginal. Há entre os dois uma relação de força de iguais - uma downtown viril que se prolonga num Hudson cheio de rebocadores (Hey, you wanna hear my philosophy of life? Do it to him before he does it to you., "Há lodo no Cais", Elia Kazan, 1954).

Tóquio é diferente - a cidade e o seu rio são potentosos mas o Sumida tem uma espécie de doçura feminina indisfarçável. O Hudson dá filmes e poemas modernos, o Sumida dá haikus de Basho (spring peace/ a mouse licking up/Sumida River). O Sumida prolonga a cidade mas transmuta-lhe a cor, embeleza-a, complementa-a. Em Tóquio, o Sumida canta uma melodia distinta (o Hudson complementa NI em improvizos jazísticos).



Vista de Kayabacho: ao fundo a Torre de Tóquio.



PS - Obrigado ao meu amigo OBD que me chamou a atenção que o texto publicado (e entretanto corrigido) tinha um clamoroso erro de geografia. Nada desculpa erro tão grosseiro a não ser uma enorme falta de atenção.

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