PORTO SEGURO
Entre um sobressalto geológico e outro, voo entre a elegância da estética onde não me revejo muito mas que reconheço finíssima de Carlos de Oliveira em "Uma Abelha na Chuva" ("Um instinto profundo, a que não dava nome, avisava D. Cláudia de que em tudo havia uma crueza que era melhor não desvendar."), a escrita menos japonesa que um japonês já produziu de Kenzaburo Oe em "The Changeling" ("What?, the teacher spluttered indignantly, Which ancient book did you find that foolishness in? How was it phrased in classical Japanese?") e o neorealismo urbano de José Rodrigues Miguéis em "A Escola do Paraíso" ("O toucador da Miquelina: espelhos, mármores, castiçais e metais doirados, vermeil (pechisbeque, no dizer da mãezinha), esmaltes com bosques, ninfas e pastores, frasquinhos e atomizadores com a borrachinha envolta numa rede de retrós, e as borlas de pó de arroz, tufadas, frescas, leves como espumas"). Valter Hugo Mãe está à espreita e Toni Morrison já bateu à porta.
Vou assim, como num livro à deriva em busca de porto seguro. Os livros nunca me falharam.
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