30/06/2010


THINGS I WILL MISS ABOUT BRUSSELS (VI)


Les Soirées. It was not easy to find a good photo for this, so take the image below and let your imagination fly! I surely had some friends who were kind enough to drag me around the good places in town. OK, it is true that options are endless but after 4 years I am now sure I have spotted the best places. Useless to ask for details: secrets are to be kept among friends; we want to keep it very exclusive. Right?

29/06/2010


PAULO JORGE (1929 - 2010)


- Sabe porque é que em Portugal se diz "Ministério dos Negócios Estrangeiros" e em Angola "Ministério das Relações Exteriores"?, perguntou-me Paulo Jorge, velho soba do MPLA, deputado e ministro dos exteriores ao longo dos anos 80.

- Não, respondi eu.

- Porque enquanto vocês fazem "negócios", nós estamos a ter "relações", respondeu.

Morreu sábado passado em Luanda. Tinha muito sentido de humor e era amigo de Portugal.



DE QUE FALAMOS QUANDO FALAMOS DE POVO?



Espero ter tempo, quando for a Lisboa, para ver a exposição sobre o "povo" que está no museu da electricidade no âmbito do centenário da república. Para já, acho deslumbrante a reescrita do busto da "República", feita por Rui Sanches, e que se pode ver nestas fotografias: o tempo pós-moderno em que vivemos é um tempo que teve o mérito de libertar a palavra povo de inúmeros sentidos nos quais a história o tentou amordaçar: o sentido jacobino, liberal, proletário, religioso, étnico ou rácico. O século XXI é o tempo do fim do mito da subjectividade originária. E a gramática escultórica de Sanches mostra isso mesmo.

28/06/2010


Wadi-Rum, a ausência de nós




Em “Os Sete Pilares da Sabedoria”, T. E. Lawrence descreve Wadi Rum como um local onde “as paisagens, como os sonhos infantis, são vastas e silenciosas”. Sessenta quilómetros a norte de Aqaba, subindo pela estrada do deserto, ali está, escondido, discreto e pujante, o vasto deserto de Wadi Rum. Pátria de beduínos, esconderijo de guerrilheiros, cenário de camelos e tendas rústicas onde o viajante pára para beber um chá, Wadi Rum nasceu para o turismo em 1984 quando os ingleses pediram autorização ao governo jordano para desenvolver as potencialidades que o lugar tem. O pastorio cabril conheceu o seu fim e os camelos deixaram de ser meio de transporte para passarem a ser cenário de fotografias. Nem tudo pode ser perfeito mas metade dos 5500 habitantes de Rum (com referências no Corão e presumindo-se significar “o ponto mais alto”) converteu-se ao turismo. Montaram restaurantes em tendas tradicionais, vendem bugiganga (e juram que é “antigo”), servem chá, ensaiam passos de dança e, claro, posam para as fotografias. Há um lado de turismo de século XXI mas, ao menos, os restaurantes foram poupados ao néon e o viajante come, sentado em almofadas no chão, espetadas de borrego e pão árabe com hummus.

O almoço às portas do deserto, num oásis despido de gente quando a Europa ainda vive um inverno rigoroso, é uma boa introdução ao que está para vir embora, naturalmente, se trate de uma parte a que Lawrence foi poupado, ocupado que estava a traçar planos de guerra com o príncipe Faisal. Expulsar os otomanos era a sua missão e, com a ajuda dos ingleses, tê-la-á cumprido com o mérito que a história lhe reconhece.

Percebe-se pelas conversas que, se Lawrence foi convertido em ícone turístico para alguns viajantes, também não é menos verdade que os jordanos de hoje não guardam dele as melhores memórias. Mas o aventureiro e espião inglês é, na verdade, secundário quando caminhamos nas areias de Wadi Rum. O que conta aqui é a planura do deserto. Em jipes descapotáveis partimos por entre as dunas, conduzidos por beduínos convertidos da arte camelar ao não menos difícil mister de conduzir 4X4 sem os atascar no areal. Dir-se-á que não há muito para dizer do deserto. É verdade. Porque o deserto, (salvo, porventura, para aqueles que escutam “uma voz que clama”, ao jeito de Paulo a caminho de Damasco) é sobretudo o “não–dito”, o eclipse do verbo, o peso do silêncio, o enigma do binómio presença/ ausência, a majestade da cor, a dança da areia ao sabor do vento, o pó em nós a antecipar o dia em que seremos nós o pó, o chá de menta numa tenda, uma fogueira ao final da tarde para tentar contrariar a descida vertiginosa de temperatura, o olhar dos homens (onde estão as mulheres?), a hospitalidade dos locais e a generosidade entre os aventureiros que ali passam umas horas roubadas à vida que julgam ter cá fora. O deserto é a frustração de Mahdi, o guia beduíno que me levou nesta incursão e que, enrolando-se no seu sofrível linguajar ocidental (e numa mortalha amarelecida que se colava aos lábios durante horas), dizia, à beira da frustração (linguística e existencial): “Não sei explicar, isto é único”.

O deserto, mesmo por umas horas e com regresso marcado, é a ausência de tempo. Não importa chegar – nem sequer “ousar partir”, como no poema do Torga – mas conseguir “estar” como se para nós, ali, o tempo não existisse. Não existiu para os nossos motoristas que, a certo momento, encostaram os jipes, fizeram a ablução e rezaram virados para Meca. Não há Lawrence, nem Torga, nem ninguém que tenha alguma vez conseguido explicar tal coisa. Num mundo frenético, ruidoso e quase sempre desinteressante, o nada do deserto resgata-nos. Talvez porque só ali se sente a ausência de nós.


(F., 19 Junho 2010)





27/06/2010


VERÃO AO FDS






É a loucura: no ano da graça de Deus de 2010, o verão, em Bruxelas, calhou a um fim de semana. O povo ensandeceu: 30 graus, noites quentes, esplanadas cheias, chapéus, óculos de sol e havaianas. Ontem, junto ao Átomo, havia uma senhora que punha creme protector, no parque de estacionamento; esta manhã havia piqueniques no relvado em frente à catedral; gente deitada na relva, em fato de banho, como se estivessem nas Caraíbas; arranjar um lugar numa esplanada é miragem; uma mesa num restaurante exterior implica declarar guerra a uma mole de aflitos. Num país que não teve a benção do sol, o povo transtorna-se. Mas ao mesmo tempo fica mais sorridente. E agora, com licença mas vou ali beber uma 'blanche'. Há um sol à minha espera. Um sol que nos beija.

26/06/2010

Things I will miss about Brussels (V) - Pizzas 'Mamma Roma'



The best pizzas in town. Pizza al taglio, several options available but there is one with potatoes and truffles that is beyond imagination. It is like heaven, a paradise, better than s… well, never mind. But they are very good anyway.

25/06/2010

SARAMAGO



Ontem à noite fui reler passagens de "Memorial do Convento": é quanto baste para o Nobel. Se outra coisa Saramago não tivesse escrito, as páginas do casamento de Sete-Sóis e Sete Luas, o olhar barroco encantatório de Blimunda, a mulher que via para dentro dos outros, a esperança nunca vã do Padre Bartolomeu Lourenço de Gusmão e a fúria serena da passarola eram suficientes para levar Saramago a Estocolmo. E só essas páginas são suficientes para termos já saudades de Saramago.


Novo sítio da embaixada de Portugal em Bruxelas. Pode ser consultado em www.embaixadadeportugal.be

Sugestões, observações ou críticas podem ser enviadas para ambassade.portugal@skynet.be

24/06/2010

Lançamento do livro (IV) - ultima série de fotografias (já devem estar fartos desta cerimónia...)

Com o Jorge Antunes e o Lode Delputte (que fez a apresentação dio livro):


Com o Francesco (grazie!):


A minha irmã (vinda de surpresa de Lisboa nesta manhã), os meus pais, o Diogo e a Sol Nunes dos Santos:


Com o Carlos Duarte (vindo expressamente de Madrid! - gracias!):


Com o Jorge Antunes (que adiou um FDS em Lisboa para estar presente - obrigado Jorginho!):


E finalmente com a Isabel Valente, tal como eu em vésperas de partir para Oriente - eu para Japão, a Isabel para a Índia. Já estou a planear um "saltinho" a Nova Deli:


E pronto. Acaba-se a série de fotografias do livro! Um dia cheio de emoções inesquecíveis.

23/06/2010

Lançamento do Livro (III) - Texto na Orfeu

Aqui fica o texto que li na Livraria Orfeu no sábado passado.



Partidas


I.

O tempo de partidas é, por natureza, tempo de balanços. Vou poupar-vos a terem de me ouvir neste exercício: deixo-o para um plano pessoal ou para o Senhor Embaixador Bramão Ramos no que à avaliação e ao SIADAP diz respeito. Poupo-vos também a um rol de agradecimentos nomeados um a um. Esta semana sai um pequeno artigo meu no LusoJornal em que faço esse agradecimento público a todos com quem trabalhei. O “obrigado” que aí desenvolvo, deixo-o aqui de forma genérica, mas não menos sentida, a todos e a cada um com quem me cruzei ao longo dos últimos quatro anos.

Há, no entanto, um aspecto a que não me quero furtar: uma palavra sobre o trabalho consular na Bélgica, por causa das minhas funções de Encarregado da Secção Consular. Dentro da panóplia de tarefas que estão acometidas a um diplomata, esta é, sem dúvida, uma das mais estimulantes. Eu tenho, naturalmente, o prazer da escrita, de elaborar um texto de análise mais política e todos os colegas diplomatas aqui já experimentaram isto: escrever um telegrama para a Secretaria de Estado (para usar a velha terminologia da casa), chegar ao fim e ter aquela sensação de auto-comprazimento perante um resultado que sabemos que nos deixa satisfeitos. Envia-se o telegrama e pronto. Não há – nem tem de haver! – reacção. Alguém em Lisboa o lê, partilha, ou não, do gosto pela prosa, e arquiva o telegrama à espera de ser necessário fazer um apontamento.

Com o trabalho consular é diferente: em cada tarefa há um resultado que se vê. Cada gesto é pensado para uma pessoa; cada medida tem um destinatário com rosto; cada palavra produz efeitos em quem nos ouve. Desde que estou em posto, já devo ter escrito umas centenas de telegramas: mas nada se compara à satisfação de conseguir repatriar, em duas horas, um compatriota que nos bate à porta sem amparo; à lição de vida que é visitar portugueses presos, que encontramos no fundo de corredores escuros, por detrás de grades opressivas; ao entusiasmo com que nos recebem na associação x ou y; à alegria com que nos mostram as taças; à generosidade impressiva com que vi pessoas trabalhar em associações, escolas, grupos, paróquias, órgãos consultivos; à disponibilidade de pais, professores, artistas, empresários e outros que partilham das suas horas com a comunidade. Foram todos para mim uma lição permanente, deram-me mais do que podem, remotamente, imaginar.



II.

Numa das epístolas de S. Paulo, diz-se que

“para tudo há um momento, e um tempo para cada coisa que se deseja debaixo do céu”.

Fui há dias reler este texto e constatei que não se fala lá do tempo de chegar e do tempo de partir. E, no entanto, são tempos óbvios na vida de cada um. A mim, chegou-me agora o tempo de partir de Bruxelas, depois de quatro anos que passaram num ápice. Olho para trás e sinto essa coisa crudelíssima que é não sermos mestres mas servos de um tempo que não chega a ser o nosso. Quatro anos escoaram-se com a rapidez duma manhã apressada, com a leveza dum jantar de amigos. Agora que estou quase em vésperas de partir, apetece-me dizer como Maria Antonieta, já no cadafalso, dizia para o carrasco:

“Só mais um minuto, senhor carrasco, só mais um minuto”,

como se esse minuto fizesse alguma diferença, como se nele estivesse contida a esperança ilusória de eternidade, como se o tempo que falta pudesse ser redentor. Aquele minuto era, afinal, a vida inteira.

Um diplomata – ou pelo menos um diplomata como eu, não quero arriscar generalizações – é um nómada por natureza, um viciado em desassossego, um cultor da inquietude, um andarilho que não conhece cansaço. No cumprimento desse ritual, eis pois chegado o tempo de, como diz José Tolentino de Mendonça,

“incendiar a casa e partir de bicicleta”,

na ilusão sempre renovada de ter o mundo em nós.

Eu não sou parte daquele grupo de portugueses, a quem Álvaro de Campos se referiu dizendo

“depois de estar a Índia descoberta, ficaram sem trabalho”.

A quem aqui está hoje quero, no entanto, dizer que o “eu” que parte é diferente do “eu” que chegou. Os que estão aqui nesta sala (e outros que não puderam vir) fizeram de mim, por razões distintas e bem precisas, o que sou hoje e os quatro anos de Bruxelas foram mais do que um tempo de trabalho: foram, se posso sintetizar numa expressão, o tempo da festa do vinho novo, da plenitude. Resta-me saber se descoberta ou reencontrada. Conto com a vossa indulgência para acreditarem, ao arrepio do que dizem alguns filósofos, que existe qualquer coisa para além das palavras que podemos ou sabemos dizer.



III.

É chegado um novo tempo: o das cerejeiras em flor, do elogio da sombra, da cerimónia do chá, do oriente do oriente, dos amores dos samorais, da limpidez das gueixas, duma luz que não se apaga, do tempo que Tonino Guerra explica ser o de

“medir as horas pelos raios de sol que se infiltram na cozinha”.

Este é o tempo de avançar de olhos fechados, entre a euforia e a voragem de rasgar um tempo que é novo e que surge de mãos dadas com o precipício que as horas tardias trazem dentro.

Mas acredito que não vou sozinho, e isto por duas razões:

- em primeiro lugar porque espero que me vão acompanhando – e aqui vai uma notícia em primeiríssima mão – no meu blog que podem consultar em regresso-a-itaca.blogspot.com

- mas sobretudo, porque nunca vai sozinho aquele viajante, como o viajante de Ítaca, no poema de Kavafis, que tem sempre em mente regressar: por mais belos que sejam os corais e as madrepérolas, as cores do âmbar e do marfim, inebriantes que sejam os odores dos perfumes e infindas as linhas das cidades, por mais raras que sejam as mercadorias que se vendem nos portos longínquos, no final, o viajante pode ser senhor de tanta experiência ao ponto de compreender o sentido de Ítaca. Mas o viajante volta aonde pertence e só depois de voltar, só depois de voltar, percebe então o sentido da viagem que fez.

Muito obrigado


Lançamento do livro (II) - Mais fotografias

Ainda eu na discursata:


Com o Joaquim e a Fernanda Pinto da Silva, donos da Orfeu e queridos amigos:


Com Hugo Sobral, Francesco Montanari e Mónica Silva:


Com Susana e José Garrido, amigos dos tempos de Angola (as melhores festas de Luanda!):


No final, a dar autógrafos (uma sensação estranha... quem é que quer o meu autógrafo afinal???):


...e só mais esta para dizer que, apesar do ar circunstancialmente seríssimo dos membros da mesa, a sessão foi divertida, comovente e informal!


Amanhã ponho o discurso!

22/06/2010

LANÇAMENTO DO MEU LIVRO, BRUXELAS, 19 JUNHO 2010

Foi, se me permitem, um sucesso: a minha família, os meus amigos, os 4 anos de Bruxelas ali revisitados numa tarde. A Orfeu estava cheia. Aqui ficam algumas fotos, uma primeira série, depois outras se seguirão.

A capa do livro:


A apresentação pelo meu amigo Lode Delputte:


A intervenção do Embaixador José Cutileiro, autor do prefácio: "Foi com muito gosto que escrevi o prefácio, um texto que se escreve no fim, coloca-se no início e não se lê nem no fim nem no princípio".


A intervenção do Embaixador Vasco Bramão Ramos, autor das fotografias (incluindo a da capa, que se vê na foto acima):


A minha intervenção:


A Orfeu e (parte d') os amigos que vieram:


A minha família que veio expressamente de Lisboa para o evento:


Os amigos, ou parte dos amigos que estiveram presentes:



...... amanhã ponho mais.

17/06/2010

LE FROMAGE



Il y a quelques annés, mon ami PCP m'a preté le livre "Who moved my cheese?", que j'ai lu et que je n'ai pas aimé. Pas si bien écrit, il me semblait une espèce de psycologie casanière ou un livre de "aide personelle" (un genre que je détèste). Mais, en fait, une decènie est passé et c'est un livre que me vient à la pen...sée assez souvent. Je retiens une phrase: "Qu'est ce que tu ferais, si tu n'avais pas peur?". Voici une question perturbante - quels sont les gestes de notre vie qui sont influencés par la peur? À quel point nos peurs nous conditionnent ? Sachant que nous tous avons des peurs, il faut en penser: aujourd'hui même, dans les prochaines 10 heures, que feriez vous sans hésiter si vous n'aviez pas peur?

09/06/2010


MOCIDADE PORTUGUESA

Vá, só uma perguntinha inocente: onde é que estão os pais e as mães portugueses que se indignaram porque uma professora mostrou publicamente as maminhas numa revista, agora que uma escola pública decidiu recriar um desfile da mocidade portuguesa no âmbito do seu projecto pedagógico?

06/06/2010


FUTEBOIS

OK, there we go. Within a few hours my social exclusion starts. It happens every two years, when the European and World Cups take place. For a month, there is no economic crisis, political debate, new films or books, posts or working issues, dinners or social events. Everything is about footbal, matches, results, players, qualifications and many other spiritual concepts whose use and understanding I’m deprived of. People don’t answer phones and I don’t understand why. Invitations are rejected and I tend to feel it is personal. Streets are empty and I wonder if I’m going to the office on a Sunday.
It is not that I don’t like footbal, as you may think. No: the point is that I’m totally indifferent to football. As a sport and as an event, I couldn’t care less. I don’t spend 30 seconds in front of the TV. My enthusiasm about footbal is the same of a 5 year old child who goes to the pediatric; of a housewife in Transylvania about global warming; of my grandfather about the particle accelerator.
And please, do NOT raise the argument about patriotism – I see no relation between love for one’s country and the result of what is now a major international industry where a bunch of men are outrageously payed to kick a ball. Greece won the Euro Cup in 2004 but that didn’t prevent the country to be where it is now. Is it more or less respected because of footbal? I doubt.
My social ostracism is about to begin and is going to last for a month. I respect everyone’s inner faiths but I take the opportunity to announce here that I’m glad to take invitations for dinners, cinema, drinks and other social programs in the coming month event if they coincide with the “big” (ooohhh) matches. Registration starts NOW.

01/06/2010


LE SUD

Cinq jours au nord de l’Europe (entre la Finlande et l’Estonie mais, en tout cas, j’ai déjà visité les autres). La conclusion : il y a, surement, beaucoup de choses merveilleuses ici mais ce n’est pas mon monde. J’aime la chaleur, pas le froid; j’aime le vin, pas la vodka; j’aime la plage, pas la montagne. Je suis du sud, du soleil, du sel, de la mer, de la lumière de Sophia, de l’inquiétude de Kavafis, de la folie d'Almodovar, de la musique de Tonino, des mémoires de Pamuk, des souvenirs de Bowles, du blanc de Mykonos, des ‘tapas’ de Barcelone, du Tage de Lisbonne, des cafés de Venise, de la médina du Caire, des odeurs de Marrakech, de la musique d’Istanbul. Mon univers est un autre, mes références sont ailleurs. Avoir le monde dans ma main mais, surtout, avoir le sud dans mon cœur.