14/08/2010


RUY DUARTE CARVALHO (1941-2010)




No Verão de 1999, fiquei fechado em casa a escrever a minha tese de mestrado (mestrado pré-Bolonha...). Foram muitas semanas a trabalhar ao computador mais de 12 horas por dia. Uma 4ª feira, em finais de Agosto, achei que ia "flipar": saí de casa, entrei na primeira agência de viagem que encontrei e pedi um bilhete para um sítio qualquer para um fim-de-semana alargado na praia. Condição: sol e partida imediata na manhã seguinte. Fui para Porto Santo, era o que havia. Sózinho? Não: fui com "Vou lá visitar pastores", de Ruy Duarte de Carvalho. Lembro-me do meu espanto, sentado numa esplanada madeirense a ler o livro, espanto esse que de imediato partilhei com José Tolentino de Mendonça, com quem jantei no Funchal. Estava eu longe de imaginar que os meus destinos se iam cruzar com Angola. Muito do que percebi de Angola, percebi graças a Ruy Duarte de Carvalho (sobretudo as "Actas da Maianga"). No modo de cruzar saberes, Carvalho era quase um homem renascentista. Morreu ontem na Namíbia.

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