17/05/2010

PUDORES


A professora Bruna Real fez mais por Mirandela do que décadas a promover alheiras. Farta do degredo e sobretudo farta dos salários miseráveis que em Portugal se pagam aos professores, decidiu sacudir a roupa e pousar nua para a Playboy. Acudam: a sacristia abanou, a província soçobrou e a vereadora Gentil disse que a docente já não servia (ao que parece sem sequer um processo disciplinar). Ora, que a professora Bruna Real é boa, é algo que não se pode negar. Não constam contra ela queixas pedagógicas nem reparos científicos. Qual o pecadilho? Mostrar as mamocas ao país (parece que em Mirandela a revista esgotou). E o país, entre a visita papal e as medidas anti-crise, em vez de sacudir os ombros e se preocupar com o que devia, anda indignado. Que os pais e as mães de Mirandela possam ser livres de decidir de quem ensina os seus filhos (e por isso são livres de, querendo, colocar os petizes noutra escola com uma beatífica docente, toda tapadinha, óculos magistrais, cabelinho aprumado, saia abaixo do joelho, ponteiro em riste e saltos pesados sobre o estrado) é um direito inquestionável. Já que a câmara municipal afaste Bruna Real, a quem - repita-se - não impede qualquer acusação administrativa ou pedagógica, isso mostra que o nosso bom e velho Conselheiro Acácio ainda anda por aí. E como no Eça, se formos ver bem, se calhar o velho conselheiro anda amancebado com uma qualquer criadita. Que, em todo o caso, não será a Bruna Real. Não me parece que a moça ande por aí a perder o seu tempo.

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