19/06/2011


PORTUGAL NO HORIZONTE

17/06/2011






ATHENS: from Christ crucification to make love not war








foto de Yiorgos Karahalis, para Reuters













foto da revista Esquire



Ao contrário do que eu tinha visto referido, a segunda fotografia não é de Atenas mas de Vancouver, depois de um jogo desportivo. Ainda assim, uma grande fotografia.


16/06/2011


BLOOMSDAY or the Irish spleen




Bloomsday celebrates the day on which the action of James Joyce’s novel Ulysses takes place, 16 June 1904, the day on which (we believe) Joyce first went out with his future wife, Nora Barnacle. The day is named after Leopold Bloom, the central character in Ulysses. The novel follows the life and thoughts of Leopold Bloom and a host of other characters – real and fictional – from 8am on 16 June through to the early hours of the following morning.

One of the earliest Bloomsday celebrations was a Ulysses lunch, organised by Sylvia Beach, publisher of Ulysses, and her partner Adrienne Monnier in France in June 1929. The first Bloomsday celebrated in Ireland was in 1954, the fiftieth anniversary of the first Bloomsday when the writers Patrick Kavanagh and Flann O’Brien visited locations like the Martello Tower at Sandycove, Davy Byrne’s pub, and 7 Eccles Street, reading parts of Ulysses and drinking a great deal as they went!

Today, Bloomsday is celebrated by Joyceans across the globe with readings, performances, re-enactments, and a host of other events. In Dublin, enthusiasts dress in Edwardian costume and gather during the day at many of the locations where episodes of Ulysses take place. The James Joyce Centre hosts Bloomsday breakfasts (including kidney, which Mr Bloom eats for breakfast in the novel) and other events in the run up to June 16 as well as on the day.


15/06/2011


AEROPORTOS, os não-lugares




Gosto de aeroportos. Gosto da azáfama, das correrias, dos olhares inquietos para os painéis de informação, das mangas que nos levam aos aviões (não consigo evitar o paralelismo com uma espécie de última caminhada para a morte), gosto dos cafés e das esplanadas com croissants secos ao preço de caviar Beluga, das lojas de bugigangas e chocolates (colega avisada dizia-me outro dia que lojas de aeroporto são locais onde compramos presentes para as pessoas de quem não gostamos), gosto da pose arrogante e impertinente das aero-moças (como dizem os brasileiros), gosto do contraste flagrante com o silêncio das zonas de oração dos aeroportos (em Bruxelas tem de se subir para um corredor esconso, sem escada rolante, que depois dá para uma grande janela cheia de luz - não sei se foi coincidência ou arquitecto tocado pela graça da fé), gosto da intensidade emocional que vai da alegria inominada à dor rasgada, gosto do lado multi-étnico dos terminais não-Schengen, gosto de passar aquela porta das chegadas e reencontrar qualquer coisa ou alguém (ou se reencontra a vida ou se torna a pô-la entre parêntesis). Gosto, enfim, de aeroportos, porque são "não-lugares", no sentido que lhe deu Marc Augé.

Não-lugares são sítios desprovidos de identidade, onde se acelera o tempo e se mergulha no excesso de espaço. Gosto de aeroportos porque em poucos sítios se pode estar rodeado de tanta gente, estando ao mesmo tempo irremediavelmente abandonado. Não há coisa mais moderna.


(Passaram ontem 25 anos da morte de Jorge Luis Borges. In memoriam pela biblioteca de Babel, talvez o mais famoso não-lugar da literatura do século XX).


14/06/2011

Lancel’s new autumn collection... for dogs!




A few days ago there was a big fuss around Lancel shop in Roppongi. I thought it was a vernissage or a fashion show with some designers, models and the usual womanizers who show up in these situations. Wrong, wrong and wrong. Lancel was launching its new autumn – winter collection for… dogs. Colourful collars, brighty “clothes” and original bags were on the spot in this unexpected late spring event. It was quite crowded, not surprisingly, with more people than animals (which is a bit unfair given the expected targeted audience).

Rumours say that Vuitton is doing its upmost to catch the eyes for their new collection for horses but fashion designers are struggling about the new tendencies.


The new Lancel collars




13/06/2011


O sonho de Vargas




Roger Casement servira como cônsul inglês na Nigéria, Moçambique e Angola antes do Foreign Office lhe dar uma missão que mudaria a vida: entrar pelo Congo adentro e verificar as condições de vida dos trabalhadores da borracha a soldo do império belga. Irlandês de nascimento e humanista por formação, Casement regressa a Londres com uma relatório explosivo e desejoso de se dedicar a outras causas mas a fama como o homem para missões difíceis arrastou-o para a Amazónia. De novo estava em busca de uma fotografia sobre as condições dos índios peruanos. Por cada horror que constatava, escrevia uma página e por cada página que escrevia arregimentava mais um inimigo.

Entre a biografia e o romance (mas mais este do que aquele), "O Sonho do Celta" pinta o retrato de um homem dilacerado ao serviço de uma certa ideia de pátria (devia ser obrigatório para diplomatas e candidatos). Casement semeia carisma mas invariavelmente colhe tempestades, pisando firme a linha que separa o bem e o mal. Não arrisca a doutrinação com sabor envagélico, embora não seja jacobino. Nunca perde a lucidez nem a misericórdia.

Vargas Llosa leva-nos por meio milhar de páginas e, a certo ponto, já não somos nós que lemos os desvaires do Celta, é o livro que ganha vida própria e nos lê a nós. Com uma estrutura constante ao longo de três partes (Congo, Amazónia, Irlanda), a biografia de Casement não cede ao romantismo, nem é meiga com o biografado. Aliás, não precisa de ser porque a vida de Casement fala por si própria e não se oferece a indulgências. Vargas Llosa não fugiu do pulsar homo-erótico, embora talvez pudesse ter convocado mais as páginas dos famosos "black diaries", não por voyeurismo literário mas porque isso insufla espessura humana aquele que é, assumidamente, um romance de personagem (além de que Vargas Llosa escreve com muita elegância sobre sexo, o que é tão raro quanto difícil).

A crítica internacional não foi benevolente com "O Sonho do Celta" que, obviamente, não tem (nem quer ter) o arcaboiço literário de "A Conversa na Catedral" ou a fineza de espírito e de letra de "Os Cadernos de Dom Rigoletto". Mas nem por isso o novo livro do Nobel de 2011 deixa de ser um prazer imenso, transportando o leitor para aquele território indizível que faz com que, quando Roger Casement morre na última linha do livro, o leitor morra também um pouco com ele.

12/06/2011


DOMINGO DE VERSOS - Teixeira de Pascoaes




Portugal é a Paisagem e a Saudade.


10/06/2011

Le Pain Quotidien, version japonaise

Conge' chez nous 'a cause de la fête national, je suis alle' au Pain Quotidien, que j'ai decouvert il n'y a pas longtemps. Pas mal comme endroit, bien sympa, menu tres similaire a celui de son frere bruxellois. J'ai eu l'impression, en tout cas, que la table communale, n'est pas si populaire ici. Les tartines sont pareilles mais - peccato! - il n'y a pas la bombe au chocolat...

Un petit coin belge 'a Tokyo - ca fait du bien de temps en temps!

(en hommage 'a mes amis bruxellois)

09/06/2011


Alentejo em Tóquio



A dois passos da estação de metro de Yotsuya e não longe da Embaixada, está o Manuel - Casa de Fados. Improvável mas real. Hoje, comi uma sopa de cenoura ao som de Amália, uma carne de porco à alentejana com Carlos Paredes e entre uns e outros, fui lendo Teolinda Gersão.

E juro que as amêijoas sabiam a mar.

08/06/2011


AQUELE QUERIDO MÊS DE AGOSTO EM TÓQUIO






Há um Portugal pré-globalização, rural, escondido, telúrico. E há imaginação, criatividade, arrojo e audácia. Eis quanto basta para Miguel Gomes fazer de "Aquele querido mês de Agosto" uma surpresa luminosa. O filme é um objecto plástico irrepreensível, aproveitando o que poderiam ter sido debilidades iniciais e transportando-as para o coração dum olhar urbano sobre a dureza da serra. Não há ali ponta de proselitismo (e era tão fácil cair nesse erro). Há apenas tempo de respiração e uma fuga permanente às soluções fáceis. Quando se poderia esperar que a nudez sertã surgisse de mãos dadas com uma puerilidade sentimental, o filme é rasgado por uma crueldade imensa, que lhe insufla credibilidade (não confundir com realismo).

A certa altura, a banda itinerante canta uma canção de Tony Carreira que diz "Adeus amor, mas tenho o mundo à minha espera". Quem vive ou viveu mais de seis meses em terra alheia, sabe bem do que se fala.

(o filme passou ontem à tarde em Tóquio no EU Film Days e repete amanhã, 5ª feira, dia 9, às 18h30. Ver informações
aqui.)


07/06/2011


Organizar a vida através dos telemóveis




Eu sei que é estranho mas tenho três telemóveis: um português, um belga e um japonês. O nipónico é de uso local e quotidiano mas dos outros não me posso desfazer, como se tal gesto fosse uma afronta, não ao passado, mas ao que no presente dele perdura. Acreditem que não é fácil gerir cartões SIM, pagamentos e carregadores, todos de marcas diferentes.

Há dias, numa viagem de comboio entre dois países europeus, percorri as agendas à procura de um número - sei que tenho o contacto de X mas não tinha a certeza em que telemóvel estava. O mais estranho não foi, porém, a patética cena de um viajante ganzado de jet lag a gerir três telemóveis num lusco-fusco ferroviário europeu. O mais estranho foi percorrer nomes cujas referências já não me pertencem, a que associo caras com contornos já esbatidos: quem será a personagem que surge identificada como a "Tatiana Polónia"? e a "Nelly Loura"? e o "Peter checo"? Seria o canalizador bruxelense? mas dele só me lembro que me cobrou 25 euros para mudar umas borrachas na torneira da cozinha. Nunca retive a nacionalidade - só me lembro que arranhava francês como quem soluça depois de um vinho rasca.

Depois há nomes de mortos: o que fazer com eles? Preservá-los é mórbido. Apagá-los parece uma traição canalha. Há gente por quem suspiramos de alívio por terem desaparecido da nossa vida - contactos que, por termos mudado de azimute, prescreveram nos nossos dias; há outros que num instante se impõem credores de momentos irrepetíveis. Há ainda os que registámos para ter a certeza que nunca iríamos ter de atender; os que de tantas vezes marcar, sabemos de cor; os que quando pipilam no visor do telemóvel nos fazem tremuras, esgares de pânico ou cólicas; os que, ao invés, nos resgatam à fealdade dos dias; aqueles com quem trocamos sms's noite dentro, condensando sussuros indizíveis.

Objecto vilipendiado, odiado e desejado, guardador de mistérios e traições, de segredos e revelações. Dir-se-ia que é horrível ter três telemóveis. Eu diria que afinal é fonte inesgotável de sensações. No meu caso, a multiplicar por três.


06/06/2011


ICONOGRAFIA APROXIMADA





























05/06/2011


DOMINGO DE VERSOS - William Butler Yeats





How can I, that girl standing there,
My attention fix
On Roman or on Russian
Or on Spanish politics?
Yet here's a travelled man that knows
What he talks about,
And there's a politician
That has read and thought,
And maybe what they say is true
Of war and war's alarms,
But O that I were young again
And held her in my arms!

William Butler Yeats, Politics


03/06/2011


DANCE ME TO THE END OF LOVE




Eis uma boa notícia para me resgatar ao jet lag: Prémio Príncipe das Astúrias para Leonard Cohen. Talvez um dos melhores concertos da minha vida, em 2009, no Sportpaleis de Antuérpia.

Verdadeiramente Hallelujah.



02/06/2011


Viajar é bom




4 estações, 2 combóios, 2 autocarros, 3 aeroportos. Aviões perdidos e cantenárias derrubadas. 29 horas de porta a porta. É bom viver do outro lado do mundo...